Memórias do pai (eBook)

ETERNITUDE
A experiência de trazer a memória a vida do pai, que já não está conosco há 48 anos, levou-nos ao exercício de relembrar e reviver o dia da sua morte, algo que, como filhos e filhas, ainda não tínhamos feito, mas também à oportunidade de reconhecer a presença viva ausente e a presença viva presente dos pais que fazem parte da família hoje.
Estávamos diante do desafio de pensar um título para o décimo capítulo deste livro que representasse essa memória. Refletindo sobre o conteúdo, na minha mente vinha apenas uma palavra que pudesse representar a vida diante da morte. Foi quando surgiu a palavra eternitude, mas parece-me que não está no dicionário. Costumamos ouvir finitude, no sentido de que não sabemos se estaremos vivos amanhã. E é verdade. O Wagner lembrou de uma conversa com o pai em que ele comentou que as pessoas quando morrem, acabam, ninguém mais lembra delas…
Eu gosto e sinto verdadeira a concepção africana de que as pessoas só morrem quando deixam de ser lembradas. E o próprio Jesus orientava seus discípulos – Lembrem-se sempre de mim, quando comerem o pão, quando tomarem o vinho… ou “Façam isto em memória de mim…” (1Cor. 11.24). Então, por que não pensar em eternitude da vida. E gostei desse termo, um neologismo, talvez. Eternitude porque o pai continua vivo, muito vivo em nossa memória, em nossa vida; sua presença é muito vívida em nós. Também, porque creio que a vida é eterna e porque o propósito deste material escrito é que as próximas gerações mantenham vivo o nosso pai.

Neusa Cezar

Organização: Telma Cezar da Silva Martins e Diná da Silva Branchini